As cores do por do sol como inspiração

Para quem fotografa tem dois momentos do dia que são chamados de horas de outro, são o nascer e o pôrdo sol. Por que isso?

São muitos os motivos, quem fotografa paisagens pode falar da cor do céu que fica em um degradê de amarelo e laranja que por si só é um espetáculo. Outro motivo é a luz dourada que incide, fotografar sob essa luz nos permite criar uma variedade de efeitos que vão desde as silhuetas escuras contra a luz, a valorizar os contornos de plantas, objetos, rostos. um rosto fotografado aproveitando essa luz dourada pode ficar suave, expressivo, dramático…

Mas o que a fotografia tem a ver com literatura?

No meu caso, tudo. Quando comecei a escrever a Saga A Praia das Almas a primeira cena que criei foi um por do sol. Eu ainda me lembro da fascinação de imaginar o íngreme rochedo escuro erguido contra o mar revolto, as ondas se chocando contra as pedras e ao longe o sol descendo na linha do horizonte. Ali eu apresentava meu “Predador” meu “Observador” “Meu andarilho noturno” que na primeira versão era chamado apenas de “ELE”.

Uma silhueta masculina parada no topo do rochedo, ouvindo o som do mar e observando o sol morrendo lentamente enquanto a noite avançava reivindicando o céu. “Ele” ficava absorto pelas cores quentes do por do sol que descia tocando o mar e o reflexo na água parecia uma trilha de fogo que se estendia até a “Praia das Almas”.

Na época eu achava o cenário bem apropriado para um personagem inspiradoem um poema de Olavo Bilac:

Dualismo

Não és bom, nem és mau: és triste e humano…
Vives ansiando, em maldições e preces,
Como se, a arder, no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.

Pobre, no bem como no mal, padeces;
E, rolando num vórtice vesano,
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.

Capaz de horrores e de ações sublimes,
Não ficas das virtudes satisfeito,
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:

E, no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora.

Publicado no livro Tarde (1919).

In: BILAC, Olavo. Poesias. Posfácio R. Magalhães Júnior. Rio de Janeiro: Ediouro, 197

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Arthur é um dos personagens que mais gostei de escrever, e um dos mais difíceis porque ele não é um herói, mas também não é um vilão. Assim como no poema, sua personalidade é complexa, moldada por um dualismo que o consome.

É muito difícil não criar um bad boy babaca clichê quando nosso molde passa por dois extremos. Sendo “Capaz de horrores e de ações sublimes” mesmo sendo um ser místico ele também é extremamente humano em seus conflitos internos.

Claro que ele já foi concebido para ter um par romântico, uma contraparte é seu oposto e ao mesmo tempo sua igual. Eu dizer aqui quem é sua alma gêmea tira um pouco do tcham da história, então não vou contar agora. Mas posso dizer que me diverti muito criando as cenas dos dois pois eles brigam como cão e gato, mas não podem negar que algo maior os atrai e que no fundo são muito parecidos.

Eu realmente espero que eles entrem no rol dos casais que fazem quem lê acreditar que o amor vale a pena e que pode durar mais que uma vida.

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